GLOSSÁRIO DA MITOLOGIA
MESOPOTÂMICA
ADAD - Senhor das
tempestades, das tormentas acompanhadas de raios e trovões, mas também da
chuva benfazeja. Adad não era deus sumeriano, nem sequer semita. As lendas
fenicias, as mais antigas, tais como as encontradas em Ras-Shamra, referem que
quando todo o panteão foi provido de templos, somente Adad não tinha nenhum;
portanto, não fazia parte do colégio inicial dos deuses.
Na realidade, Adad é o grande deus dos
asiânicos, representado como o habitante dos cimos elevados, armado do raio e
do relâmpago. tendo por atributo o touro, cujos mugidos lembram o trovão. O
grande príncipe da fertilidade, cujos reflexos se manifestarão nos inúmeros
deuses secundários especializados: O deus da árvore, do campo, da fonte, da vinha
etc. Adad tem por esposa Sala (ou Shala), que é denominada comumente "A
dama da espiga".
AN -V. Anu.
ANU -Anu é forma semita
do deus An. Reside nos céus, conforme o seu ideograma, que é o da estrela; tem
poderes mais extensos que os demais deuses, incluindo até aqueles que se
atribuíam, em geral, aos espíritos da fertilidade e da fecundidade. Era o deus
supremo desde a época sumeriana; mas outros deuses que também habitavam o céu
aos poucos foram tendo tanto poder como ele. O lugar preferido do seu culto era
a cidade de Der, em Acad, e Uruk, na Suméria. Lá, no seu templo de Eana, casa
do céu ou Anu, pois o mesmo signo, a estrela, serve para escrever o nome do
deus e o da sua residência, adorava-se, igualmente, sua filha, a deusa Istar,
cujo culto, pouco a pouco, igualou-se ao seu, se o não suplantou. Anu tinha,
também, um famoso templo em Lagash, no quarteirão sagrado da cidade, Girsu.
Nesse templo, da mesma forma, desde o reinado de Enadu, o primeiro soberano
do qual possuímos um monumento, a Estela dos Abutres, Istar que entre seus
inúmeros nomes tinha o de Nini em sumeriano, era adorada como filha de Anu, e
seu culto logo ultrapassou o do grande deus.
Até a época neo-sumeriana e a dinastia
babilónica, antes da intrusão de Marduc, Anu era reconhecido como o deus
supremo, rei dos deuses; colocavam diante dele as insígnias da realeza: o
cetro, o diadema, o bastão de comando e a coroa.
A prioridade de Anu se traduz pela
hospitalidade que ele dá a todos os demais deuses; é "no céu de Anu"
que se reúnem para bem comerem e melhor beberem, assim como para se lamentarem
quando algum perigo os ameaça.
ARALU -Os infernos.
ASSUR - Deus epónimo dos assírios, o deus supremo da religião ninivita. Seu nome
pouco aparece nos mitos babilónios.
BABU -Esposa de Ninurta.
Essa divindade feminina presidia à saúde dos homens, curava as enfermidades,
mas podia, também, infligir grandes danos aos mortais.
BEL -Bel ou Bilu, o
grande deus da Babilónia. Corresponde ao Grande Baal, "Senhor", dos
fenícios.
BELTIS -O nome caldeu de
Béltis era Belit, "A Dama". Designava a deusa associada pelos caldeus
ao deus Bel. No começo foi identificada com Istar, mas logo se tornou divindade
independente e distinta.
Os gregos a identificaram com Afrodite; davam-lhe, também, o nome de Milita,
forma grecizada de Belit.
O seu culto comportava ritos estranhos:
as mulheres deveriam passar, quando ainda virgens, algum tempo no templo da
deusa e se entregar ao primeiro que se apresentasse; eram "as primícias
da virgindade"; essa prostituição sagrada é encontrada na Síria e em
Chipre.
DANQUINA -Esposa de Ea. Não
tem história própria.
DEMONIOS - Uma das grandes preocupações da religião de Assur e da Babilónia eram os
génios, espíritos bons ou maus que cercavam os homens. Os bons génios ou demónios
benéficos eram representados por touros alados e ornavam as portas dos palácios;
os maus demónios eram mais numerosos que os bons; tinham nascido ora de Bel,
ora de Anu, mas unidos, então, a uma deusa infernal; alguns eram considerados
filhos de Ea e Danquina, não obstante o carácter benfazejo desse casal divino;
a contradição era aparente, pois eles tinham, então, o nome de "a bílis de
Ean.
Os demónios perversos eram figurados
como monstros imperfeitos e horrendos e divididos em várias categorias. A
primeira, a mais frequente, era a dos maus utukku, também chamados os
"Sete", ainda que não tivessem esse número; essa primeira classe era
mal definida; os textos se contradizem; às vezes dão-lhes o nome de edimmu,
"Os que voltam", ou namtaru, "O Demónio da Peste".
Praticavam toda espécie de maldade:
perseguiam os viajantes, maltratavam os animais, promoviam dissenções entre os
membros de uma mesma família, provocavam rixas, faziam as pessoas sofrer
acidentes, tiravam-lhes a boa saúde, numa palavra, tornavam a vida detestável.
Havia, também, os íncubos e súcubos,
que, unindo-se aos mortais, geravam toda uma série de desgraças: eram crianças
que não nasciam a termo, recém-nados que morriam, abortos etc. Depois vinham as
calamidades: seca ou cheia desastrosa, morte do gado, perda das colheitas etc.
Os edimmu eram seres revoltados, que
tinham sofrido morte injusta ou que não tinham obtido as alegrias que
almejavam; vingavam-se causando dano aos homens. A lista dos que se tornavam
edimmu era assaz longa: Aquele cujo cadáver foi abandonado na planície, aquele
que ficou sem sepultura, a mulher que morreu virgem, a mulher que morreu de
parto, a mãe cujo filho nasceu morto, aquele que caiu duma palmeira, aquele que
se afogou...
DÉRCETIS - Deusa síria, também
conhecida como Dérceto ou Atágartis ou Astarte. Representavam-na com corpo de
peixe. Dércetis houvera, de simples mortal, uma filha, a célebre Semíramis,
que desposou Nino, rei da Assíria, e fundou Babilónia; Semíramis cercou a
cidade com imensas muralhas flanqueadas por torreões. No fim do governo,
sabendo que Nínias, seu filho, conspirava contra ela, cedeu-lhe a coroa e
metamorfoseou-se em pomba.
Dércetis, originariamente, era deusa de Áscalon (cidade da antiga
Palestina, uma das principais cidades dos filisteus, porto do Mediterrâneo;
vêem-se, hoje, suas ruínas perto de El Djurah, a 70 km de Jerusalém);
confundiu-se com Atágartis de Hier6polis; seu culto deu origem à lenda grega
de Perseu e Andrômeda.
DUMUZI -Deus da vegetação,
de modo especial das messes.
EA - O nome de Ea, em
língua sumeriana, era Enqui, o senhor do solo, mas do solo profundo, do subsolo
que para os babilónios eram um abismo líquido sobre o qual flutuava o mundo;
não era, contudo, deus dos infernos, onde reinava Nergal. Ea significa "casa
d'água"; o nome, portanto, precisa a qualidade e o carácter da realeza
que exerce; de feito, os babilónios haviam localizado a sabedoria, a ciência e
a prudência no abismo que chamavam apsu, simples semitização da palavra
sumeriana ab-zu, morada do saber.
Ea tinha por esposa Danquina, de
carácter muito apagado. Ea era o protetor do gênero humano e algumas tradições
teológicas o faziam criador da humanidade; ele teria modelado em greda um
corpo humano e nele inspirado o sopro vital; vê-se, aí, claramente, o eco da
tradição bíblica, quando Deus fez Adão do barro da terra. Era, também,
deus-oleiro, talvez por causa da sua habilidade em amassar o barro.
Graças a Ea não se perdeu toda a
humanidade, pois ele avisou Um-napisti e levou-o a construir o barco onde se
acolheu com sua família. Na qualidade de senhor do saber, todas as altas
ciências estão sob a sua protecção: magia, divinação, astronomia (ou melhor,
astrologia), medicina etc.; davam-lhe o epíteto de "deus do olho
brilhante".
ENLIL -O nome semita de
Enlil é Bel, que significa "Senhor". Seu domínio é a terra. Em
Sumer, o principal lugar de culto de Enlil era Nipur. Já nas épocas arcaicas
era chamado de "rei dos deuses"; essa primazia, sem dúvida, responde
à tradição do clero, pois ainda que o chamem de "sábio",
"ajuizado", "prudente", foi ele que ordenou o dilúvio, não
obstante os protestos de Istar e de Ea. É interessante observar que quando
Marduc ascendeu ao primado no panteão babilónico, também recebeu o nome de Bel:
Bel-Marduc; Enlil tornou-se, então, Bel-o-Antigo. Sua esposa tomou como nome a
forma feminina do nome do marido, Belit, a Dama.
ENQUI -Senhor das águas
profundas, do abismo que suporta a terra.
ENZU -Deus-lua, senhor do
saber.
ERESQUIGAL -Irmã de Sarnas e de
Istar. Era a rainha dos Infernos, chamados aralu. Nergal, um dia, invadiu os
infernos, "país do qual não se retorna" e maltratou Eresquigal; esta
ofereceu-se-lhe em casamento. Nergal aceitou e tornou-se o rei dos infernos.
GATUMDUG -Deusa do leite.
GÉNIOS -V. Demónios.
GESHTIN ANA -"A Vinha
Celeste", deusa agrícola.
GIBIL -Deus sumeriano. -V.
Nuscu.
GIZIDA -Deus da vegetação,
pertencente ao ciclo naturista.
GULA -Divindade esposa de
Ninurta. Presidia à saúde e curava as doenças dos homens; mas podia, também,
infligir grandes danos aos mortais. O cão, companheiro de Gula, tornou-se,
entre os gregos, o de Esculápio.
INSHUSHINAK -Outro nome para
Ninurta. Era o deus de Susa.
INURTA -V. Ninurta.
ISTAR
- Istar, por causa das
numerosas divindades das quais ela se tornou a expressão, tem genealogia bem
incerta; dizem-na filha de Sin, mas também de Anu; é irmã de Samas e de
Eresquigal, deusa dos infernos. Seus esposos e amantes formam uma lista assaz
extensa; quase em toda parte, às vezes sob nome diferente, é a esposa do deus
principal da cidade; portanto, tantos maridos quantas forem as cidades.
Atribuem-lhe dois caracteres diferentes, porque ela representa duas espécies de
deusas: deusa do amor, do prazer, da volúpia e deusa das batalhas; e isto não
por razões filosóficas: o amor, irmão da morte, a morte consequência do amor
etc. Não. É o princípio da fecundidade por excelência ao qual se uniu o
carácter bélico; mas essas duas qualidades são sempre reverenciadas sob nomes
diferentes; em Uruk é Istar da religião naturista; a Istar de Halab e a Istar
de Arbela são divindades bélicas; os atributos, num e noutro caso, diferem,
assim como os símbolos; na baixa época esse duplo carácter foi acentuado nas
assimilações: era Vénus (ou Afrodite) enquanto deusa do amor e da volúpia, era
Cibele quando deusa da fertilidade. Comumente identificada com Astarte, Astarot
ou Astoret, era a grande deusa de todos os povos semitas.
MARDUC - Segundo os hebreus, nome do deus adorado em Babilônia como divindade
suprema. Era filho de Ea; seus atributos: o dragão, o peixe-cabra e o cão.
Venceu as divindades do Caos e organizou o Céu e a Terra. Tinha, também, o nome
de Merodac.
Os deuses da magia, de modo particular,
eram representados por Marduc e Ea; este último, senhor de toda sabedoria, benfeitor
da humanidade, abandonou, pouco a pouco, todos seus poderes activos ao filho,
Marduc, quando foi da reforma religiosa da primeira dinastia babilônica.
MERODAC - O mesmo que Marduc.
NABU - Cognominado "O escriba dos deuses", Nabu era a divindade que,
anualmente, quando os deuses se reuniam em assembleia, no início do ano, a fim
de fixar os destinos para o novo período que começava, escrevia em tabuinhas as
determinações emanadas da assembleia divina.
NEBO - Divindade assíria
que era cultuada na babilónia.
NERGAL -Deus dos infernos.
Era de caráter solar, mas destruidor.
NIDABA -Deusa da fertilidade.
Era, propriamente, uma divindade-grão, deusa dos caniços e dos juncos, tão
abundantes nos terrenos paludosos .junto aos rios e aos canais. Como o caniço
servisse para fazer cálamos, os estiletes com os quais se escrevia sobre a
argila, Nidaba tornou-se a deusa dos números e dos presságios; além disso se
qualificava como a deusa das plantas, em geral, que vicejavam nos marnéis, de
modo particular das equissetáceas, que, calcinadas, produziam a soda, cuja
mistura com óleo e argila dava um sucedâneo do sabão. Também tinha o nome de
Nisaba.
NINCARRAC -Esposa de Ninurta.
Era divindade que presidia à saúde dos homens.
NINGIZIDA -Deus dos bosques e
das verduras. Chamavam-no "Senhor do bosque da Vida". O mesmo que
Gizida.
NINTUD -Deusa que presidia
aos partos. Era invocada, de modo particular, pelas mulheres grávidas.
NINURTA -Ninurta ou Inurta era
o deus dos combates no tempo dos sargônidas; consideram-no um emigrado da
religião naturista.
Nos tempos sumérios, arcaicos, era o
senhor de Girsu (Nin Girsu), o quarteirão sagrado de Lagash; naquela época
desempenhava o papel de deus da fertilidade, presidia às cheias dos rios, sem
as quais não poderia haver vegetação. Na época assiria teve armas por símbolos;
outrora era a charrua.
Em Ninurta confundem-se muitas
divindades: Inshushinak, o deus de Susa, Zababa, o deus de Kish. ..Sua
poligenia se traduz por aparente poligamia: será esposo ora de Babu, ora de
Nincarrac, ora de Gula; essas divindades femininas são bem diferenciadas;
presidiam à saúde do homem; curavam-no de suas enfermidades, mas podiam,
também, infligir-lhes sorte funesta.
NISABA
-V. Nidaba.
NUSCU - Deus da chama. Representa o deus surneriano Gibil. Os fiéis de Nuscu
rendiam-lhe graças sem cessar, pois, faltando o fogo, os sacrifícios não
poderiam ser consumidos.
OANES - Um dos principais deuses da Babilónia. Oanes, saído do mar Eritreu, era
um monstro metade homem e metade peixe, que apareceu pela primeira vez perto de
um lugar vizinho a Babilônia. Tinha duas cabeças, a de homem sob a de peixe.
Esse monstro vivia entre os homens, sem comer; deu-lhes o conhecimento das
letras, das artes e das ciências em geral, assim corno da agricultura. Ao pôr
do sol Oanes se retirava para o mar e passava a noite sob as águas
SALA - Esposa de Adad. Tinha
o epíteto de “A Dama da Espiga".
SAMAS - O deus Sol, Utu em
sumeriano. Sarnas era filho do deus-lua. Para nós o sol tem importância mui
diversa da que lhe atribuem no Oriente. O sol da manhã, que aquece a terra, é o
benvindo; dispersa as trevas, asilo dos maus espíritos que engendram o terror;
mas, à medida que avança no seu curso, cessa de ser benfeitor da humanidade; é
ele que queima as plantações e que faz da planície um deserto; o sol do
meio-dia é assassino: faz os homens sofrerem ataques de insolação, causa-lhe
incômodos vários, dissemina epidemias; deixa, então, de ser Sarnas e se
transforma em Nergal, deus dos infernos, abastecedor de seu próprio domínio por
meio das epidemias que espalha sobre a terra. A principal qualidade de Sarnas é
ser deus da justiça. Essa atribuição nos esclarece a respeito do modo de pensar
das populações primitivas que o conceberam; por definição, o sol vê tudo (bem
como na Grécia), inunda tudo com a sua luz, expulsa as trevas, propícias aos
maus; é, pois, por excelência, o deus da justiça.
Soberanos que promulgavam leis, corno
Hamurábi, colocam suas leis sob os auspícios do Sol; no código desse rei, que
se encontra no Louvre, vemos o monarca representado em adoração diante de
Samas.
Numa época certamente secundária do seu
culto, atribuíram-lhe dois filhos, Quitu e Mesaru, palavras que, respectivamente,
significam "Direito" e "Justiça". Temos aí puras hipóstases
teológicas, absolutamente estranhas ao período arcaico.
A esposa de Sarnas chamava-se Aia.
SEMTRAMIS - Rainha lendária da
Assíria, filha da deusa Dérceto ou Dércetis; abandonada pela mãe, tornou-se
escrava. Um general de Nino, pressentindo seu gênio e fascinado pela beleza da
escrava, tomou-a por esposa; o próprio Nino por ela se apaixonou, o qual, antes
ficara impressionado com a coragem que a jovem demonstrara por ocasião do
ataque dos bactros. Nino, então, fez com que o general a cedesse, e a tomou por
esposa.Semíramis de imediato conseguiu poder sem limites sobre seu novo marido;
dessa união nasceu um filho, Nínias. Segundo antiga tradição, Semíramis, um
dia, pediu ao esposo que lhe confiasse, por um momento, o poder real absoluto;
este cedeu aos rogos da esposa e foi logo massacrado.
Seja como for, Semíramis sucedeu a Nino
no trono. Engrandeceu, fortificou e embelezou Babilônia; cercou-a de muros tão
largos que dois carros podiam cruzar por cima deles tranquilamente; construiu
imensas plataformas cobertas de jardins magníficos, os chamados "Jardins
suspensos da Babilônia", urna ponte sobre o Eufrates, galerias sob o leito
do rio e um lago que acolhesse as águas excedentes no tempo da cheia. Na
Armênia mano dou erguer o famoso Artemita e outras obras não menos importantes
que as de Babilônia. Submeteu a Arábia, o Egito, urna parte da Etiópia e da
Líbia e só não teve sucesso na expedição que dirigiu contra a tndia. Morreu
depois de ter reinado 42 anos; sucedeu-lhe Nínias, seu filho, que, talvez,
tenha lhe abreviado os dias.
Semíramis foi adorada pelos assírios
sob a forma de pomba; contava-se que ela tinha sido criada por pombas e que ao
morrer subira aos céus sob a forma de uma dessas aves; seu próprio nome
significava pomba. Outras tradições referem que Semiramis matou o marido e
todos os filhos, com exceção de Nínias. A tradição recolhida por Justino (Rist.
Phil., li) é assaz diversa.
SIN
- Sin é nome semita do
deus-lua que se chamava em sumeriano En-zu, o senhor do saber; aí também se
encontram duas concepções diferentes, uma colocando o saber no céu, outra nas
águas subterrâneas. Contrariamente a muitos povos, os mesopotâmios da lua
fizeram um deus, não uma deusa.
O deus Sin gozava de grande prestígio;
era ele que, com as variações do seu disco regulava o curso dos meses (os
babilónios tinham o mês lunar), que, de tempos a tempos, era necessário pôr de
acordo com o curso do ano verdadeiro, isto é, o ano solar. Assim, uma das
formas de escrever seu nome é o número trinta, do total de dias necessário à
revolução lunar. A regularidade do curso lunar deu a Sin o caráter de ordem e
sabedoria. Imaginavam-no como homem de idade madura, com imensa barba de
lápis-lazúli. Para os mesopotâmios, o crescente lunar que, naquela latitude
aparece com a convexidade quase paralela ao horizonte, era a barca do deus na
qual ele percorria o céu.
TAMUZ
- Deus da vegetação. O
seu culto permaneceu até ao primeiro milenário; o seu nome figurava no
calendário, pois tinha um mês que lhe era dedicado, "o mês Tamuz",
junho-julho; celebravam-se inúmeras festas em sua honra; com o correr dos
séculos o culto de Tamuz permaneceu quase apagado, mas as lendas em que ele
participava gozaram, sempre, de extraordinário prestígio. Mas, no decorrer do
período greco-romano, Tamuz conheceu um esplendor que não foi igualado por
nenhum outro deus do panteão babilónico: transformou-se no famoso Adônis,
adaptação do semita Adon, "Senhor".
O culto de Tamuz aparece na Bíblia
(Ezequiel, VIII, 14): "Conduziu-me até
a entrada da porta setentrional da casa do Senhor: mulheres estavam sentadas,
chorando Tamuz".
No estio, os povos semitas costumavam
celebrar festas fúnebres, por causa da sua morte prematura.
TRÍADES
- A religião babilônica
conhecia duas tríades (conjunto de três deuses, segundo o esquema familial,
pai, mãe e filho) principais; a característica mais notável dessas tríades é
que não correspondem ao sentido comum que lhe dão, feito sob o esquema
familial, de pai, mãe e filho; em geral, as religiões evoluídas de um culto
naturista, não guardam essa noção.
A primeira tríade babilónica é composta
de Anu, Enlil e Ea; a segunda é formada por Sin, Sarnas e Istar. — V. esses nomes.
UTU
- O Sol. Utu, nome
sumeriano, é o mesmo Samas.
ZABABA -Deus de Kish. Era o
mesmo deus Ninurta.
(Fonte:”Dicionario de mitologia”, de
Tassilo Orpheu Spalding)